FICA CADA DIA MAIS COMPLICADO PARA MIM, POSTAR TODOS OS DIAS A PARTE SEGUINTE DO CONTO QUE COMECEI A FAZÊ-LO ANTES. COPIAR TUDO DE UMA VEZ SERIA MAIS FÁCIL PARA I-ANALFAS QUE NEM EU. POR ESSA RAZÃO, MANDO AQUI A PARTE FINAL DO CONTO "HOMEM DENTRO DO POSTE". AMANHÃ ESPERO TER LUCIDEZ E PACIÊNCIA PARA LIBERAR MAIS UM CONTO. NOS VEMOS!
"HOMEM DENTRO DO POSTE" - parte final
Morte
daquele, fortuna desta. Outras duas lágrimas rolaram cristalinas.
Imóveis, fábricas, fazendas, títulos e ações transformados em
herança. Quanto tinha, não sabia. Tinha muito, mas não significava nada. Só
valia o quanto era e, de repente, o queridofilho, Romualdo Assunção Neto, seu
herdeiroúnico, meteu-se outra vez em encrencas e foi feito prisioneiro, culpa
dos amaldiçoados guerrilheiros a confrontar o adequado autoritarismo do bendito
regime de exceção. Mas prisioneiro, aonde? Dentro de um torpe poste elétrico da
generosa e heroica Standard Light and Co. liberal, pioneira e desbravadora
empresa inter nacional surgida da iniciativa de homens probos e com forte compromisso com as aspectos sociais da
ação pública em seus diferentes braços, segundo seus entendimentos sobre os
desastres que se assistia e não raro, era a vítima final.
A lembrança fez ascender-lhe uma luz
nas ideias, click! Standard Light and Co.?
Parou o gesto, conservando a taça de
porcelana entre os dedos, enquanto recuperava ensinamentos do falecido sobre o complô
costurado entre as empresas e as fardas, a manter inerte a taça de café e creme
no ar, entre a mesa e seus lábios carmins, enquanto a memória dispersa e o
pouco senso prático exerciam-se em silêncio. Olhou em volta a procurar no vazio
algum complemento àquela descoberta.
-“Vou tirar de lá meu jovem e imprevidente filho ainda
hoje”. E se perfilou frente ao desafio.
Levantou em gesto decisivo e com a ponta do guardanapo
azul-claro de cambraia limpou a boca encarnada pela própria natureza. Usava o
“peignoir” em tom azulado, jogado sobre a camisola branca transparente deixando
ver as coxas bem torneadas entre os véus entreabertos. Seus passos eram
enérgicos, o olhar firme e focado. Caminhava resoluta de volta a seu quarto
cruzando o corredor largo, quando o telefone sobre o aparador, na passagem
entre a sala de jantar e os aposentos, tocou.
-Trim-trim,
trim-trim, trim-trim...
Quarta parte: HORA DO DESJEJUM ALHURES
O sol batia forte na pele do poste e começava a esquentar em
seu interior. O homem gordo de cara amarfanhada se afastou levando a bandeja - tampa
da lata de café amassada -, e fechou a portinhola com afronta. Ele, no outro
lado, se desfez do paletó e enquanto penteava os longos cabelos - um incômodo - sem poder esticar o braço,
retirou do bolso o maço, e dele um cigarro. E da caixa, um palito de fósforo.
Com a ajuda dos dois, levou a chama ao fumo e aspirou a magoar o corpo e agitar
as idéias. Ao baforar tinha em mente chegar fogo aos pensamentos, mas antes precisava
dispor ordenadamente de conclusões alheias, para então definir as próprias.
Estava preso dentro de um poste na Praça da Liberdade. Ainda
não sabia ao certo a natureza das razões, assim como o que fazer, mas estava
acertado é que alguma coisa deveria ser feito
logo, pois o período era obscuro, a lei fortuita e mais ainda, o tempo e seus
agentes, homens, uniformes, fuzis e munições, estavam a serviço de ideias manipuladas,
astutas e lucrativas à liberalidade do mercado.
Os uniformes eram poderosos no dispor das armas, mas frágeis
no entendimento das naturezas.
Se ficasse em silêncio, seu filhamado corria o risco de ser
esquecido no cárcere - como já ouvira contar sobre iguais a ele, que há tempos definhavam -
onde outros encontraram a escada para o
andar de cima. Seu único filho estava preso em um poste, pensou indignada, e
o que fazer? Num poste comum e igual a outro qualquer sem privilégio sobre seus
pares, além de sujo emal cheiroso em praça pública? Agredido pela exposição e a
solidão, pela chuva, por animais noturnos, cães e gatos? Acossado por luas,
sois e garoas? Um poste solitário e incompreendido, cabide de notícias e fios, lâmpadas
e bem-te-vis, propriedade, porém, de poderosa empresa inter nacional distante
rica e agressiva, com fortes interesses na City e em Wall Street e por tudo
isso, insensível, deshonesta e injusta, vinha, pois, com a recomendável gênese
franksteiniana, meio oficial, meio ação
entre amigos, sem donos definidos, como de agrado ao gerenciamento padrão, contra
o qual os princípios de justiça se indispunham. E, a instituição tinha um nome.
Se chamava e era respeitada pelo nome de: Standard Light and Co. - liderança mundial coorporativa no setor de geração
de força e energias. Foi esse fato, pois, que despertou nele a lembrança
distante sobre as relações burguesas dos pais financistas e rentistas, a buscar
ajuda com quem dos dois lhe restara.
Levantou-se,
pegou o aparelho sobre o qual continuava sentado e discou novamente.
Colocado sobre o
aparador estilo Napoleão no corredor, o telefone branco tocou.
-Trim-trim,
trim-trim, trim-trim...
Quinta parte: DAS DÚVIDAS EM CONVERGÊNCIA
Trim-trim,
trim-trim, trim-trim...
- “Alô, quem fala? ”
- “Alô mamã! Aqui é Romualdo Assunção Neto,
seu únicoeamadofilhote” de novo. - Deu uma pausa a se deixar respirando
fundo e relaxou. Depois continuou. – “O
que tens em mente fazer, mamã?”. Perguntou-lhe o filho já com planos
resolvidos, relativo ao que deveria ser providenciado para livra-lo da
cela onde estava detido prisioneiro, na Praça da Liberdade há horas - quantas?
- a seguir.
- “Eu também sei, meu querido filhotúnico”, respondeu
a mãe carinhosamente, pois refeita, ela já era outra e tinha definido também os
planos para as providências a serem tomadas.
-“Fique
tranquilo, filhoquerido. Estou indo agora dar início a todas elas. Irei de CECA
a MECA em busca da Standard Light and.Co. e prometo que ao fim desta mesma
jornada estarás em casa, livre, leve, solto e longe dessa Praça da Liberdade,
seu injusto e paradoxal cativeiro, meufilhotãoquerido”.
Desligou o aparelho, vestiu-se e pela primeira vez se
mandou, na busca de um poste e um filho.
Na verdade, não sabia qual rumo tomar e
ainda assim pretendia continuar seguindo. Para onde?
Sexta
parte: UM ÚNICO, POIS, CAMINHO A SEGUIR.
Depois de alguns telefonemas na busca de
solidariedade e rumos, chamou o motorista antigo e fiel,
“seu” Edson Felício Andradas dos Santos, filho, (58).
Seguiram para o centro da cidade em busca da Central Elétrica de Consumo e Automação, para começar a lida à partir de ali. Circulou por
avenidas e ruas até divisar o imóvel identificado pela sigla que traduz sua
finalidade bem no frontal do edifício sede da instituição. Percebeu no saguão, serem muitos os caminhos que começavam
naquele grande lounge no interior do prédio central da instituição em constante
agitação, onde se lia na plaqueta sobre a qual se anunciava, a função que ali
se cumpria, bem em frente do guichê das:
“Informações”.
Ela se chegou cheirosa, sóbria, bela,
elegante e discreta com voz macia e educadamente.
-“Preciso
de uma”.
O homem debaixo da plaqueta atrás do vidro sujo e malcuidado
levantou os olhos insensível, a encostar os cílios ainda negros na sobrancelha já
grisalha. Retirou da boca o cigarro que os lábios babados sustentavam e
enquanto abandonava a cinza no cinzeiro fundo e cheio de bitucas, seguia
retendo as respostas, pois era o senhor das informações e com poder absoluto
sobre as tergiversações:
-“Informação?”
Perguntou com a voz ralentada e rouca de fumante inveterado a
aguardar desinteressado para completar arrastado e por fim sua resposta, em
lento trato.
-
“Dirija-se ao guichê número dois, caso queira saber ao certo”.
Informou findo e vago sem se deter no
sorriso grato e generoso da bela viúva de raros contornos.
Ela percebia o desinteresse de seus atendentes, mas insistia
com simpatia e chegou até a portinhola número dois, onde se deparou com novo
guichê similar ao anterior e através do vidro ainda mais malcuidado e bafejado,
observava um barnabé similar, encarregado do serviço e que então lia a seção de
necrológicos no jornal do dia a sorrir satisfeito por não encontrar seu nome
entre os personagens relacionados na agenda da jornada e ela esperava paciente
o momento de ver-se incluída nos anais daquela instancia inferior de lida com
os contribuintes.
O funcionário ergueu os olhos e a encarou desaprovadoramente
pela inoportuna interrupção de seu despropósito, pois não lhe agradava ser
incomodado no exercício de seu desdever. Ela, por outro lado, continuou
discreta e acomodada à sua frente, do lado inverso da gaiola, tentando observar
através o embaçamento do vidro bafejado como se dava a vida no ladelá.
-“E o que é que a senhora desdeseja?” Inquiriu
rudemente o funcionário.
-“...Desdesejaria,
se acaso o avesso, falar com o responsável pelo poste elétrico instalado na
praça da Liberdade, localizada no lado central da metrópole”.
-“Se
é central não pode ser do lado”, observou explicito e colaborativo – “Dirija-se ao D.A.R.”
-“O
senhor pode me dizer o que significa D.A.R.?”
-“Para
obter resposta confiável, dirija-se a “Informações”, na portinhola número
seis”.
Ela saiu à procura do guichê número seis. Era o quarto a
contar dali d’onde estava. Já orientada e discretamente ansiosa, aguardava sua
vez na fila a admirar a jovem mãe amamentar seu filhote, sentada no banco do
avarandado a contornar o prédio do instituto.
A cada pergunta o cavalheiro que atendia as pessoas na boca do
guichê abria um livro de capa preta em couro, gravada em dourado. Consultava o
índice, seguia até a página indicada, anotava e fechava, para só aí, então,
responder aos inconvenientes consultantes.
-“Por favor, o senhor pode me dizer o que significa D.A.R.?”
-“Dar?” Titubeou e prosseguiu: -“Tudo é muito
relativo, minha senhora...”
Encarando a viúva o barnabé gostou do que viu
e abriu outro livro de capa tão escura quanto à anterior bem como as letras em
tanto dourado como antes, procurou a informação, encontrou e releu o documento.
Fechou, guardou, conferiu e por fim respondeu, falando de forma bem corrida,
para que ela não entendesse e voltasse a perguntar dando-lhe ainda outra
oportunidade para apreciá-la ao vivo:
-“Deptmto d’Avliação & d’Regstos”.
Ela, porém, poliglota e apressada, entendeu de primeira o que
lhe dissera o funcionário e dirigiu-se ao Departamento de Avaliação e dos
Registros. No D.A.R., novo homenzinhoranzinza&envelhecido que acima dele trazia
plaquetaigual a anterior, onde antes se lia: “Imphormações”.
Perguntou quem era o responsável pelos postes da praça da
Liberdade e foi instruída para ir ao S.P.C.
- Desejou saber o que significava S.P.C.
e o homem pediu que ela se informasse no guichê número seis. Lá ficou sabendo, após o livro ter sido
guardado como previsto, aquele mesmo, que tinha a capa negra gravada em letras
douradas, dizia: S.P.C. significa Serviços de Postes e Congêneres.
Quando chegou ao S.P.C. lhe
indicaram que fosse ao D.P.U. Eis
que no guichê número seis lhe informaram que a sigla significava Divisão de Postes Urbanos, onde
recomendaram que ela se dirigisse a M.E.C.A.
que no guichê de número seis lhe informaram significar Manutenção Elétrica de Consumo Autosuficiente, extensão autônoma, localizada na própria sede, alí,
sim e por fim, falar direto com o encarregado pela dita e autorizada unidade de
serviço autosustentável, motivação e alvo do processo pelo qual a causa e ela
tramitavam.
Satisfeita despediu-se, e conduzida pelo fiel Edson Felício
Andradas dos Santos – filho, e ainda naquela mesma tarde, rumou para a Praça da
Liberdade com os documentos em mão, alguns deles em duplicata e levando ainda o
atestado de residência, com as firmas reconhecidas além dos originais
autenticados, conforme o velho, bom e falecido cônjuge lhe recomendara. Em nome
dele também se deixava seguir em frente até que se anunciasse o fim daquela pantomima,
avaliava silênte a viúva estreante, estudando os documentos solitária no banco
traseiro do automóvel.
Sétima parte: EM FIM, POR FIM, AO FIM.
O vendedor de flores regava as petúnias, beijos, magnólias e
camélias. Ela saiu do carro grande que o motorista fiel estacionou em local
proibido, porém, conveniente. Atravessou o jardim, viu o cisne no lago cuja
superfície refletia o azul do céu a rebrilhar nos gomos da água bailando ao
vento com as porções de sois e seus
ângulos, a rebrilharem como num diamante líquido. Mais além, ainda sobre o
caminho dos pedestres, lá estava a banca de jornais ocupando espaço público e a
negociar peitos, sorrisos e bundas, olhares e perfis em oferta para o público,
masculino de preferência, na ampla instalação cercada por arbustos, flores e
folhagens desparelhadas.y
Avançou para ver junto ao meio fio o
poste em questão, entrou e apresentou-se ao chefe setorial.
-“Meu
nome é Florinda Azevedo de Barros y Assunção. Quem me recomendou para falar com
o senhor foi o doutor Rosalberto de Montanha Figueiredo Frota,
presidente-superintendente e renitente das Centrais
Elétricas Oficiais. Disse-me ele que, desfrutando de suas prerrogativas,
autoriza sua autoridade de encarregado desta unidade semi-autodidática, a
colocar em liberdade o inocente detido, cujo nome é Romualdo Azevedo de Barros
Y Assunção Neto, meuamadofilhoúnico, nobre gentleman membro da aristocracia
financeira, letrado e diplomado em finanças pela UCLA com mestrado da melhor
formação, trazendo endereço e renda conhecidos”.
- “E
mais, com aplicações no Found for Workers in Ohio conforme documentação em
anexo”.
Enquanto falava rubricava o restante da papelada com
testemunho do superintendente. Ao concluir também aquele ritual, ela estendeu
os documentos assinados ao encarregado, de acordo com o que convinha e
carimbados, incluindo fotocópias recomendadas pelo falecido, que entendia de
negócios, finanças e malandragens nacionais & estrangeiras.
Falou o que tinha a dizer, repetindo o texto longamente
ensaiado, pois havia sido isso que estivera a fazer no banco traseiro do
automóvel que a levara de C.E.C.A. a
M.E.C.A. em peregrinação inédita,
conduzida pelo fiel motorista Edson Felício Andradas dos Santos, filho.- RG:
58717-1, individualidade fidedigna, com deméritos cíclicos e dispendiosos, como
ocorriam, em regra, no caso dos nativos com raizes estendidas até a península
ibérica, trás o Atlântico.
Finda a solicitação feita ao chefe daquela unidade permaneceu
de pé, em frente da grande mesa de trabalhos do profissional responsável pela
função, coberta por notas e papéis. No fundo do móvel escondia-se - baixinho e estrábico - o chefe encarregado pelo
poste H236/37-SSP, transparente e miúdo, conforme estava previsto no regimento
das unidades autônomas, similares àquela.
Após ouvir a resumida e clara apresentação e ainda receber o
conjunto de documentos, o encarregado fez que seu assistente de gabinete,
sentado na plateia a um canto discreto, o gnomo gordo com a cara redonda,
embexigada e estrábico, chamasse seu assessor principal.
Passaram-se instantes de silêncio constrangedor até que
entrou na sala o assessoreiro esperado, alto jovem e forte com o perfil de
nativos da região das cordilheiras ao nariz aduncado e maçãs salientes, pele
queimada ao vento frio e ao sol mais limpo. Vinha e trazia sob o braço direito
o grosso catálogo de assinantes por nomes, de onde pingavam alguns e, sob o
sovaco esquerdo levava um feixe de linhas telefônicas ativas e inquietas. À
cabeça baixa e sem retirar os olhos da gaveta, o encarregado inquiriu.
-“Quais
são suas ordens, assessoriente Bezerra?”
-“O
telefone 2334566778 está sem linha, senhor”. Ouviu o diminuto e estrábico encarregado.
–“Vamos
substituí-las e em seguida vou encaminhar o catálogo para as oficinas. Ele
chora, mas não mama. E existe um grupo
de linhas que vão, e não voltam. Preciso reunir as restantes, para por um
mínimo de ordem nessa instalação”. Respondeu e aguardou, o assessor Bezerra.
Enquanto ouvia as explicações,
cuidadosamente o superintendente - baixinho e estrábico - do poste H236/37-SPS
retirava enfim seus dois olhos de dentro da gaveta aonde antes os depositara e,
enquanto os recolocava nos devidos covos, repetia instruções em voz pausada.
-“Por
enquanto estas ordens ficam suspensas, assistente Bezerra. Entrementes você deve
explicar para essa saudável senhora a razão pela qual não será permitido levar
avante a determinação do doutor Rosalberto de Montanha Figueiredo Frota, por
certo o Presidente-Superintendente e Renitente das Centrais Elétricas Oficiais e que tem aqui quase a mesma
validade, mas este poste, H236/37-SPS está sendo administrado por nova holding,
a Cia. Thel and Thel Interphones of Nevada, USA. Informe a mais e ainda, que
entre as partes não existe convênio firmado que nos permita tal procedimento e
que o fato é pura consequência do golpe militar abortado há alguns meses
passados. Culpe aos infiéis!”.
E perscrutando ao seu redor suspeitoso, sussurrou c’os
seus botões:
-“A
culpa não é nossa e sim desses guerrilheiros de merda, um deles seu rebento que
submete uma dama fina e elegante como a senhora a tal vexame, explicaí para
ela, caro assessoreante Bezerra...”.
Concluiu em som quase inaudível, só para eles dois, em
particular. Mas permitiu discreto, que a viúva, mãe de Romualdo Barros de
Assunção Neto – guerrilheireco e dublê de filhotúnico encarcerado -, ouvisse
seu comentário inditoso e ofensivo.
Por fim a referida dama perdeu as estribeiras e se
retirou, maldizendo!
–
“Abandonaram meufilhotamado desamparado num deserto de almas, cercado por sapos,
fontes artificiais, anões de cerâmica e cisnes de circo sob a guarda de mendigos,
gatos e bêbados... Que percurso irônico o do meu filhote, de liberal a
libertário. Prisioneiro, bem no centro da Praça da Liberdade no coração da
metrópole tendo como carcereiro um conjunto infeliz de indigentes, que
infelicidência, céus! Há que, libertá-lo, caro encarregado, o mais rapidamente
possível, hein? ”
A
aristocrática viúva contava e anotava discreta a história para si mesma no
silencio do banco traseiro do carro onde levava de carona o carcereiro diminuto
e estrábico, no banco dianteiro colado ao chofer, ao tempo em que prosseguia
a desfilar sua bravura recém despertada pelas ruas da cidade, pois nunca antes
na vida se havia sentido tão mãe e depois de percorrer de C.E.C.A a M.E.C.A.
voltou ao hábito, que com o passar dos meses se tornava meio cognitivo de
acordar às manhãs solitárias curtindo suas velhas frustrações de noites semfim, pelejando e lutando pela volta
do filhotecabeçadevento, tentando livrá-lo da prisão no alongado poste cárcere,
de vários níveis, bem na margem externa dos jardins da praça da Liberdade, uma
infelicidência. F.I.M.
Até o próximo conto. Deve ser "No ateliê de corte e costura"
Sempre apostando na sua pessoa! O Blog com uma casca colorida e um miolo cheio prosas!!!
ResponderExcluirGrande abraço e saudades!!!