sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017


FICA CADA DIA MAIS COMPLICADO PARA MIM, POSTAR TODOS OS DIAS A PARTE SEGUINTE DO CONTO QUE COMECEI A FAZÊ-LO ANTES. COPIAR TUDO DE UMA VEZ SERIA MAIS FÁCIL PARA I-ANALFAS QUE NEM EU. POR ESSA RAZÃO, MANDO AQUI A PARTE FINAL DO CONTO "HOMEM DENTRO DO POSTE". AMANHÃ ESPERO TER LUCIDEZ E PACIÊNCIA PARA LIBERAR MAIS UM CONTO. NOS VEMOS! 
"HOMEM DENTRO DO POSTE" - parte final

Morte daquele, fortuna desta. Outras duas lágrimas rolaram cristalinas.

Imóveis, fábricas, fazendas, títulos e ações transformados em herança. Quanto tinha, não sabia. Tinha muito, mas não significava nada. Só valia o quanto era e, de repente, o queridofilho, Romualdo Assunção Neto, seu herdeiroúnico, meteu-se outra vez em encrencas e foi feito prisioneiro, culpa dos amaldiçoados guerrilheiros a confrontar o adequado autoritarismo do bendito regime de exceção. Mas prisioneiro, aonde? Dentro de um torpe poste elétrico da generosa e heroica Standard Light and Co. liberal, pioneira e desbravadora empresa inter nacional surgida da iniciativa de homens probos e com forte compromisso com as aspectos sociais da ação pública em seus diferentes braços, segundo seus entendimentos sobre os desastres que se assistia e não raro, era a vítima final.

A lembrança fez ascender-lhe uma luz nas ideias, click! Standard Light and Co.? 

Parou o gesto, conservando a taça de porcelana entre os dedos, enquanto recuperava ensinamentos do falecido sobre o complô costurado entre as empresas e as fardas, a manter inerte a taça de café e creme no ar, entre a mesa e seus lábios carmins, enquanto a memória dispersa e o pouco senso prático exerciam-se em silêncio. Olhou em volta a procurar no vazio algum complemento àquela descoberta.

-“Vou tirar de lá meu jovem e imprevidente filho ainda hoje”. E se perfilou frente ao desafio.

Levantou em gesto decisivo e com a ponta do guardanapo azul-claro de cambraia limpou a boca encarnada pela própria natureza. Usava o “peignoir” em tom azulado, jogado sobre a camisola branca transparente deixando ver as coxas bem torneadas entre os véus entreabertos. Seus passos eram enérgicos, o olhar firme e focado. Caminhava resoluta de volta a seu quarto cruzando o corredor largo, quando o telefone sobre o aparador, na passagem entre a sala de jantar e os aposentos, tocou. 

-Trim-trim, trim-trim, trim-trim...

Quarta parte: HORA DO DESJEJUM ALHURES

O sol batia forte na pele do poste e começava a esquentar em seu interior. O homem gordo de cara amarfanhada se afastou levando a bandeja - tampa da lata de café amassada -, e fechou a portinhola com afronta. Ele, no outro lado, se desfez do paletó e enquanto penteava os longos cabelos - um incômodo - sem poder esticar o braço, retirou do bolso o maço, e dele um cigarro. E da caixa, um palito de fósforo. Com a ajuda dos dois, levou a chama ao fumo e aspirou a magoar o corpo e agitar as idéias. Ao baforar tinha em mente chegar fogo aos pensamentos, mas antes precisava dispor ordenadamente de conclusões alheias, para então definir as próprias.

Estava preso dentro de um poste na Praça da Liberdade. Ainda não sabia ao certo a natureza das razões, assim como o que fazer, mas estava acertado é que alguma coisa deveria ser feito logo, pois o período era obscuro, a lei fortuita e mais ainda, o tempo e seus agentes, homens, uniformes, fuzis e munições, estavam a serviço de ideias manipuladas, astutas e lucrativas à liberalidade do mercado. 

Os uniformes eram poderosos no dispor das armas, mas frágeis no entendimento das naturezas.  

Se ficasse em silêncio, seu filhamado corria o risco de ser esquecido no cárcere - como já ouvira contar  sobre iguais a ele, que há tempos definhavam - onde outros encontraram a escada para o andar de cima. Seu único filho estava preso em um poste, pensou indignada, e o que fazer? Num poste comum e igual a outro qualquer sem privilégio sobre seus pares, além de sujo emal cheiroso em praça pública? Agredido pela exposição e a solidão, pela chuva, por animais noturnos, cães e gatos? Acossado por luas, sois e garoas? Um poste solitário e incompreendido, cabide de notícias e fios, lâmpadas e bem-te-vis, propriedade, porém, de poderosa empresa inter nacional distante rica e agressiva, com fortes interesses na City e em Wall Street e por tudo isso, insensível, deshonesta e injusta, vinha, pois, com a recomendável gênese franksteiniana, meio oficial, meio ação entre amigos, sem donos definidos, como de agrado ao gerenciamento padrão, contra o qual os princípios de justiça se indispunham. E, a instituição tinha um nome. Se chamava e era respeitada pelo nome de: Standard Light and Co. - liderança mundial coorporativa no setor de geração de força e energias. Foi esse fato, pois, que despertou nele a lembrança distante sobre as relações burguesas dos pais financistas e rentistas, a buscar ajuda com quem dos dois lhe restara. 

Levantou-se, pegou o aparelho sobre o qual continuava sentado e discou novamente. 

Colocado sobre o aparador estilo Napoleão no corredor, o telefone branco tocou. 



-Trim-trim, trim-trim, trim-trim...

Quinta parte: DAS DÚVIDAS EM CONVERGÊNCIA

Trim-trim, trim-trim, trim-trim...

-  “Alô, quem fala? ”

-  “Alô mamã! Aqui é Romualdo Assunção Neto, seu únicoeamadofilhote” de novo. - Deu uma pausa a se deixar respirando fundo e relaxou. Depois continuou. – “O que tens em mente fazer, mamã?”. Perguntou-lhe o filho já com planos resolvidos, relativo ao que deveria ser providenciado para  livra-lo da cela onde estava detido prisioneiro, na Praça da Liberdade há horas - quantas? - a seguir.

-  “Eu também sei, meu querido filhotúnico”, respondeu a mãe carinhosamente, pois refeita, ela já era outra e tinha definido também os planos para as providências a serem tomadas. 

-“Fique tranquilo, filhoquerido. Estou indo agora dar início a todas elas. Irei de CECA a MECA em busca da Standard Light and.Co. e prometo que ao fim desta mesma jornada estarás em casa, livre, leve, solto e longe dessa Praça da Liberdade, seu injusto e paradoxal cativeiro, meufilhotãoquerido”. 

Desligou o aparelho, vestiu-se e pela primeira vez se mandou, na busca de um poste e um filho.

Na verdade, não sabia qual rumo tomar e ainda assim pretendia continuar seguindo. Para onde?

Sexta parte: UM ÚNICO, POIS, CAMINHO A SEGUIR.

Depois de alguns telefonemas na busca de solidariedade e rumos, chamou o motorista antigo e fiel,

“seu” Edson Felício Andradas dos Santos, filho, (58). Seguiram para o centro da cidade em busca da Central Elétrica de Consumo e Automação, para começar a lida à partir de ali. Circulou por avenidas e ruas até divisar o imóvel identificado pela sigla que traduz sua finalidade bem no frontal do edifício sede da instituição. Percebeu no saguão, serem muitos os caminhos que começavam naquele grande lounge no interior do prédio central da instituição em constante agitação, onde se lia na plaqueta sobre a qual se anunciava, a função que ali se cumpria, bem em frente do guichê das:

 “Informações”.  

Ela se chegou cheirosa, sóbria, bela, elegante e discreta com voz macia e educadamente.

-“Preciso de uma”.

O homem debaixo da plaqueta atrás do vidro sujo e malcuidado levantou os olhos insensível, a encostar os cílios ainda negros na sobrancelha já grisalha. Retirou da boca o cigarro que os lábios babados sustentavam e enquanto abandonava a cinza no cinzeiro fundo e cheio de bitucas, seguia retendo as respostas, pois era o senhor das informações e com poder absoluto sobre as tergiversações:

-“Informação?”

Perguntou com a voz ralentada e rouca de fumante inveterado a aguardar desinteressado para completar arrastado e por fim sua resposta, em lento trato. 

- “Dirija-se ao guichê número dois, caso queira saber ao certo”. 

Informou findo e vago sem se deter no sorriso grato e generoso da bela viúva de raros contornos.

Ela percebia o desinteresse de seus atendentes, mas insistia com simpatia e chegou até a portinhola número dois, onde se deparou com novo guichê similar ao anterior e através do vidro ainda mais malcuidado e bafejado, observava um barnabé similar, encarregado do serviço e que então lia a seção de necrológicos no jornal do dia a sorrir satisfeito por não encontrar seu nome entre os personagens relacionados na agenda da jornada e ela esperava paciente o momento de ver-se incluída nos anais daquela instancia inferior de lida com os contribuintes. 

O funcionário ergueu os olhos e a encarou desaprovadoramente pela inoportuna interrupção de seu despropósito, pois não lhe agradava ser incomodado no exercício de seu desdever. Ela, por outro lado, continuou discreta e acomodada à sua frente, do lado inverso da gaiola, tentando observar através o embaçamento do vidro bafejado como se dava a vida no ladelá. 

-“E o que é que a senhora desdeseja?” Inquiriu rudemente o funcionário.

-“...Desdesejaria, se acaso o avesso, falar com o responsável pelo poste elétrico instalado na praça da Liberdade, localizada no lado central da metrópole”.

-“Se é central não pode ser do lado”, observou explicito e colaborativo – “Dirija-se ao D.A.R.”

-“O senhor pode me dizer o que significa D.A.R.?”

-“Para obter resposta confiável, dirija-se a “Informações”, na portinhola número seis”.

Ela saiu à procura do guichê número seis. Era o quarto a contar dali d’onde estava. Já orientada e discretamente ansiosa, aguardava sua vez na fila a admirar a jovem mãe amamentar seu filhote, sentada no banco do avarandado a contornar o prédio do instituto. 

A cada pergunta o cavalheiro que atendia as pessoas na boca do guichê abria um livro de capa preta em couro, gravada em dourado. Consultava o índice, seguia até a página indicada, anotava e fechava, para só aí, então, responder aos inconvenientes consultantes.

-“Por favor, o senhor pode me dizer o que significa D.A.R.?”

-“Dar?” Titubeou e prosseguiu: -“Tudo é muito relativo, minha senhora...”

Encarando a viúva o barnabé gostou do que viu e abriu outro livro de capa tão escura quanto à anterior bem como as letras em tanto dourado como antes, procurou a informação, encontrou e releu o documento. Fechou, guardou, conferiu e por fim respondeu, falando de forma bem corrida, para que ela não entendesse e voltasse a perguntar dando-lhe ainda outra oportunidade para apreciá-la ao vivo:

-“Deptmto d’Avliação & d’Regstos”.

Ela, porém, poliglota e apressada, entendeu de primeira o que lhe dissera o funcionário e dirigiu-se ao Departamento de Avaliação e dos Registros. No D.A.R., novo homenzinhoranzinza&envelhecido que acima dele trazia plaquetaigual a anterior, onde antes se lia: “Imphormações”.

Perguntou quem era o responsável pelos postes da praça da Liberdade e foi instruída para ir ao S.P.C. - Desejou saber o que significava S.P.C. e o homem pediu que ela se informasse no guichê número seis.  Lá ficou sabendo, após o livro ter sido guardado como previsto, aquele mesmo, que tinha a capa negra gravada em letras douradas, dizia: S.P.C. significa Serviços de Postes e Congêneres. Quando chegou ao S.P.C. lhe indicaram que fosse ao D.P.U. Eis que no guichê número seis lhe informaram que a sigla significava Divisão de Postes Urbanos, onde recomendaram que ela se dirigisse a M.E.C.A. que no guichê de número seis lhe informaram significar Manutenção Elétrica de Consumo Autosuficiente, extensão autônoma, localizada na própria sede, alí, sim e por fim, falar direto com o encarregado pela dita e autorizada unidade de serviço autosustentável, motivação e alvo do processo pelo qual a causa e ela tramitavam.

Satisfeita despediu-se, e conduzida pelo fiel Edson Felício Andradas dos Santos – filho, e ainda naquela mesma tarde, rumou para a Praça da Liberdade com os documentos em mão, alguns deles em duplicata e levando ainda o atestado de residência, com as firmas reconhecidas além dos originais autenticados, conforme o velho, bom e falecido cônjuge lhe recomendara. Em nome dele também se deixava seguir em frente até que se anunciasse o fim daquela pantomima, avaliava silênte a viúva estreante, estudando os documentos solitária no banco traseiro do automóvel.

Sétima parte: EM FIM, POR FIM, AO FIM.

O vendedor de flores regava as petúnias, beijos, magnólias e camélias. Ela saiu do carro grande que o motorista fiel estacionou em local proibido, porém, conveniente. Atravessou o jardim, viu o cisne no lago cuja superfície refletia o azul do céu a rebrilhar nos gomos da água bailando ao vento com as porções de sois e  seus ângulos, a rebrilharem como num diamante líquido. Mais além, ainda sobre o caminho dos pedestres, lá estava a banca de jornais ocupando espaço público e a negociar peitos, sorrisos e bundas, olhares e perfis em oferta para o público, masculino de preferência, na ampla instalação cercada por arbustos, flores e folhagens desparelhadas.y

Avançou para ver junto ao meio fio o poste em questão, entrou e apresentou-se ao chefe setorial.



-“Meu nome é Florinda Azevedo de Barros y Assunção. Quem me recomendou para falar com o senhor foi o doutor Rosalberto de Montanha Figueiredo Frota, presidente-superintendente e renitente das Centrais Elétricas Oficiais. Disse-me ele que, desfrutando de suas prerrogativas, autoriza sua autoridade de encarregado desta unidade semi-autodidática, a colocar em liberdade o inocente detido, cujo nome é Romualdo Azevedo de Barros Y Assunção Neto, meuamadofilhoúnico, nobre gentleman membro da aristocracia financeira, letrado e diplomado em finanças pela UCLA com mestrado da melhor formação, trazendo endereço e renda conhecidos”.  

- “E mais, com aplicações no Found for Workers in Ohio conforme documentação em anexo”. 

Enquanto falava rubricava o restante da papelada com testemunho do superintendente. Ao concluir também aquele ritual, ela estendeu os documentos assinados ao encarregado, de acordo com o que convinha e carimbados, incluindo fotocópias recomendadas pelo falecido, que entendia de negócios, finanças e malandragens nacionais & estrangeiras.

Falou o que tinha a dizer, repetindo o texto longamente ensaiado, pois havia sido isso que estivera a fazer no banco traseiro do automóvel que a levara de C.E.C.A. a M.E.C.A. em peregrinação inédita, conduzida pelo fiel motorista Edson Felício Andradas dos Santos, filho.- RG: 58717-1, individualidade fidedigna, com deméritos cíclicos e dispendiosos, como ocorriam, em regra, no caso dos nativos com raizes estendidas até a península ibérica, trás o Atlântico. 

Finda a solicitação feita ao chefe daquela unidade permaneceu de pé, em frente da grande mesa de trabalhos do profissional responsável pela função, coberta por notas e papéis. No fundo do móvel escondia-se - baixinho e estrábico - o chefe encarregado pelo poste H236/37-SSP, transparente e miúdo, conforme estava previsto no regimento das unidades autônomas, similares àquela.

Após ouvir a resumida e clara apresentação e ainda receber o conjunto de documentos, o encarregado fez que seu assistente de gabinete, sentado na plateia a um canto discreto, o gnomo gordo com a cara redonda, embexigada e estrábico, chamasse seu assessor principal.

Passaram-se instantes de silêncio constrangedor até que entrou na sala o assessoreiro esperado, alto jovem e forte com o perfil de nativos da região das cordilheiras ao nariz aduncado e maçãs salientes, pele queimada ao vento frio e ao sol mais limpo. Vinha e trazia sob o braço direito o grosso catálogo de assinantes por nomes, de onde pingavam alguns e, sob o sovaco esquerdo levava um feixe de linhas telefônicas ativas e inquietas. À cabeça baixa e sem retirar os olhos da gaveta, o encarregado inquiriu. 

-“Quais são suas ordens, assessoriente Bezerra?”

-“O telefone 2334566778 está sem linha, senhor”. Ouviu o diminuto e estrábico encarregado.

–“Vamos substituí-las e em seguida vou encaminhar o catálogo para as oficinas. Ele chora, mas não  mama. E existe um grupo de linhas que vão, e não voltam. Preciso reunir as restantes, para por um mínimo de ordem nessa instalação”. Respondeu e aguardou, o assessor Bezerra.

Enquanto ouvia as explicações, cuidadosamente o superintendente - baixinho e estrábico - do poste H236/37-SPS retirava enfim seus dois olhos de dentro da gaveta aonde antes os depositara e, enquanto os recolocava nos devidos covos, repetia instruções em voz pausada.

-“Por enquanto estas ordens ficam suspensas, assistente Bezerra. Entrementes você deve explicar para essa saudável senhora a razão pela qual não será permitido levar avante a determinação do doutor Rosalberto de Montanha Figueiredo Frota, por certo o Presidente-Superintendente e Renitente das Centrais Elétricas Oficiais e que tem aqui quase a mesma validade, mas este poste, H236/37-SPS está sendo administrado por nova holding, a Cia. Thel and Thel Interphones of Nevada, USA. Informe a mais e ainda, que entre as partes não existe convênio firmado que nos permita tal procedimento e que o fato é pura consequência do golpe militar abortado há alguns meses passados. Culpe aos infiéis!”.

E perscrutando ao seu redor suspeitoso, sussurrou c’os seus botões:

-“A culpa não é nossa e sim desses guerrilheiros de merda, um deles seu rebento que submete uma dama fina e elegante como a senhora a tal vexame, explicaí para ela, caro assessoreante Bezerra...”. 

Concluiu em som quase inaudível, só para eles dois, em particular. Mas permitiu discreto, que a viúva, mãe de Romualdo Barros de Assunção Neto – guerrilheireco e dublê de filhotúnico encarcerado -, ouvisse seu comentário inditoso e ofensivo. 

Por fim a referida dama perdeu as estribeiras e se retirou, maldizendo! 

– “Abandonaram meufilhotamado desamparado num deserto de almas, cercado por sapos, fontes artificiais, anões de cerâmica e cisnes de circo sob a guarda de mendigos, gatos e bêbados... Que percurso irônico o do meu filhote, de liberal a libertário. Prisioneiro, bem no centro da Praça da Liberdade no coração da metrópole tendo como carcereiro um conjunto infeliz de indigentes, que infelicidência, céus! Há que, libertá-lo, caro encarregado, o mais rapidamente possível, hein? ” 

A aristocrática viúva contava e anotava discreta a história para si mesma no silencio do banco traseiro do carro onde levava de carona o carcereiro diminuto e estrábico, no banco dianteiro colado ao chofer, ao tempo em que prosseguia a desfilar sua bravura recém despertada pelas ruas da cidade, pois nunca antes na vida se havia sentido tão mãe e depois de percorrer de C.E.C.A a M.E.C.A. voltou ao hábito, que com o passar dos meses se tornava meio cognitivo de acordar às manhãs solitárias curtindo suas velhas frustrações de noites semfim, pelejando e lutando pela volta do filhotecabeçadevento, tentando livrá-lo da prisão no alongado poste cárcere, de vários níveis, bem na margem externa dos jardins da praça da Liberdade, uma infelicidência.                                     F.I.M.

Até o próximo conto. Deve ser "No ateliê de corte e costura" 


Um comentário:

  1. Sempre apostando na sua pessoa! O Blog com uma casca colorida e um miolo cheio prosas!!!
    Grande abraço e saudades!!!

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